Primeira programadora da história foi uma mulher; conheça a história e o legado de Ada Lovelace

Já imaginou uma sociedade sem tecnologias e sistemas, sem programação, sem computação, sem software? É quase impossível visualizar este cenário. Graças a diversas inteligências, hoje o mundo é cada vez mais automatizado; e parte — fundamental — desta história tem a contribuição de Ada Lovelace, que, ainda sem consciência do futuro promissor que ajudou a desenvolver, tornou-se a primeira programadora da história. 

Augusta Ada Byron King, nasceu em 10 de dezembro de 1815, em Byron, Londres. Filha de Lord Byron, famoso poeta romântico inglês, mas criada apenas pela sua mãe, a matemática Anne Isabella Byron. Embora o relacionamento com a mãe — que, paradoxalmente, sempre a incentivou na música e na lógica matemática — não fosse dos melhores, Ada herdou o talento com os números. 

Além da influência materna em reprimir as tendências pelas artes — no intuito de afastá-la de qualquer coisa que remetesse ao pai —, Ada demonstrou interesse em continuar os trilhos numéricos de sua mãe. Aos 17 anos, Ada conheceu Mary Summerville, a primeira mulher a ingressar na sociedade real de Astronomia, a qual passou a ser sua mentora. Através dela, tempos depois, Ada conheceu Charles Babbage, pai da Máquina Analítica; e a partir daí, sua importante jornada no mundo da programação teve início.

Após Babbage ter apresentado os resultados obtidos com sua invenção, o matemático Luigi Menabrea transformou a apresentação em um artigo e o publicou. Mais tarde, Ada foi convidada por Babbage a fazer a tradução do artigo e também a adicionar notas pessoais.

Aproximadamente um ano após a publicação do artigo, Ada finalizou a tradução e suas considerações. Em suas notas, havia uma sugestão para que a máquina realizasse o cálculo dos números de Bernoulli, que ocupam um lugar de destaque até hoje na matemática moderna.

Feito isso, o artigo ficou ainda maior e o primeiro algoritmo de um computador do mundo foi escrito ali, por Ada. Esta contribuição com as anotações permitiu que, anos depois, um computador desempenhasse diversas tarefas simultaneamente. É a performance conhecida nos dias de hoje.

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Ilustração: Ciência pelos olhos delas, 2016

E por que “Lovelace”?

Em seu nascimento, foi recepcionada como “Augusta Ada Byron”, até que, no momento em que sua mãe descobriu que uma das amantes de seu marido também portava o nome Augusta, começou a chamá-la apenas de Ada. Depois de seu casamento, Ada acresceu seu sobrenome; “King”, do marido. No entanto, em meio a tantos nomes, ficou conhecida como Ada Lovelace — nome herdado pelo título de condessa.

Computação como hoje conhecemos

Ao olhar o cenário e a evolução da computação, muitos são os nomes com relevância, levando em consideração a contribuição oferecida na área. É comum ouvir o termo “pais da computação”, referenciando Alan Turing, por exemplo, porém, não podemos nos esquecer que foi através dos esforços de uma mulher, anos antes, que a base do que existe hoje foi estabelecida. O nome desta mulher é Augusta Ada Byron King, e podemos chamá-la de “mãe da computação moderna”.

Motor da máquina analítica de Charles Babbage. Desenho de 1848 Foto: Museu da Ciência, Londres

Legado

A máquina analítica só tomou forma após o falecimento de Ada — que morreu aos 36 anos em decorrência de um câncer de útero — e Babbage. As notas de Ada, por sua vez, apesar de terem sido publicadas cem anos mais tarde, deixaram um importante legado na área.

Este projeto fez com que Babbage fosse considerado o pai do computador. Ada, por sua vez, não obteve o mesmo destaque, ainda que seu trabalho tenha sido significativo nesta criação. Enquanto o foco de Babbage era o processamento de números e cálculos, Ada trabalhou para que os computadores fossem além.

Seus feitos não foram reconhecidos em vida, Ada ganhou notoriedade anos depois de seu falecimento, quando Alan Turing, pai da computação moderna, fez referência a seu trabalho.

Em sua homenagem, foi desenvolvida a “Linguagem Ada”, pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em 1979, como forma de remeter à autora do primeiro programa rodado em uma máquina, que serviu como uma linguagem de programação estruturada.

A história de Ada, digna de cinema, acabou ganhando uma série de materiais publicados. “Conceiving Ada”, longa-metragem, “Ada”, curta-metragem, “Calculating Ada”, documentário produzido pela BBC, e o livro “Enchantress Of Numbers”.

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Mulheres na tecnologia

Ao longo da história, alguns nomes femininos se destacaram na área tecnológica, como o caso de Ada, quando o termo tecnologia era sequer conhecido. Outras mulheres — como Mary Kenneth Keller, a primeira mulher a conquistar um doutorado em Ciências da Computação; Grace Hopper, analista da Marinha dos EUA nas décadas de 1940/50; Carol Shaw, do universo dos games — também registraram suas contribuições.

No setor, que ainda é composto majoritariamente por homens, a participação feminina é inegável. Aos poucos, as mulheres vêm ganhando espaço no setor da ciência, tecnologia e inovação, porém o caminho a ser desbravado ainda é longo.

De acordo com a Unesco, apenas 35% dos estudantes das áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) são mulheres. Ainda, de acordo com o levantamento dos indicadores sociais das mulheres no Brasil, realizado pelo IBGE, somente 20% dos profissionais de TI são mulheres.

Apesar de serem áreas promissoras para o mercado de trabalho, muitas mulheres são desencorajadas a adentrar nestes setores — e não é por falta de capacitação, mas sim de incentivo. Uma grande barreira para as mulheres nestes setores é o preconceito e a falta de incentivo. Além destes, alguns outros fatores dificultam a presença feminina na área, como desigualdade salarial, que é pauta não só no TI, e cultura não inclusiva.

Este cenário revela a necessidade de trabalhar estas questões e promover a conscientização e igualdade de gênero, permitindo, assim, um acesso facilitado e avanço das mulheres nas áreas STEM.

Como forma de estímulo ao primeiro passo, o Google, através do projeto “Cresça Com o Google”, disponibiliza um material sobre mulheres na tecnologia. Clique aqui para acessar.

Dia Internacional das Mulheres

A data é marcada pelo dia 8 de março e foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas) na década de 1970. Além de marcar a luta pelos direitos das mulheres, esta mobilização política reivindica a equidade dos gêneros.

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